O labor de formação do psicanalista, assim como Freud a instituiu, inicia pela análise pessoal e entrada no campo teórico, segue pelo ingresso na prática e a correspondente análise de controle. Deste modo, os três Campos Temáticos têm como fito oportunizar o trabalho de apreensão, discussão e aprofundamento de conceitos referidos à prática clínica, sendo concebidos pela EEP como pilares de sustentação da formação. Eles estarão ancorados na reconhecida produção de psicanalistas da instituição, e ocorrerão sob o formato de assembleias, destinadas exclusivamente a seus membros e proponentes. Assim sendo, contamos sempre com sua participação, como integrantes efetivos de nossa Escola.
M.F.
Aba 1
FREUD E A HISTÓRIA DA PSICANÁLISE
Conceição de Fátima Beltrão Fleig Lia Cunha Poletto Nacitamara Fiorentini Návia Terezinha Pattussi Vânia Aparecida Pattussi Alfredo Santiago Culleton
Correspondência Freud
O título deste Campo temático remete à história da psicanálise, mas não o propomos no sentido de historicidade ou de cronologia; antes, pretende a retomada e a renovação de nossa leitura do texto freudiano à luz da produção resultante do encontro epistolar de Freud com os demais pioneiros. Um dos temas que se sobressai desde os primórdios da psicanálise é a concepção de “trauma”, como algo fundante das patologias psíquicas, decorrente de vivência(s) que, por não terem sido integradas ao aparelho psíquico por meio de representações ou outros meios, provocaram um aumento excessivo do nível de excitação sem que fosse possível dar vazão a isso. Essa concepção teve uma relação direta com a técnica psicanalítica inicial que visava à ab-reação, como uma forma de reduzir o nível de tensão e elaborar as experiências traumáticas passadas. A natureza essencialmente sexual do trauma é outro paradigma; ele, num primeiro momento, estaria aliado à teoria da sedução e depois à questão da fantasia. A teoria do trauma vai se ampliando no decorrer das descobertas freudianas, deixando muitos elementos em aberto e acrescentando outros, como o trauma nas neuroses de guerra, nos sonhos, o trauma do nascimento proposto por Rank. Em que consiste esse fenômeno, e sua incidência contemporânea, uma vez que aparece de formas diferentes em vários momentos da obra de Freud e também nas correspondências com seus interlocutores, serão os fios condutores da pesquisa desse Campo temático.
Frequência: mensal, terças-feiras Horário: 19h30min às 21h Datas: 21/03, 16/05, 13/06, 11/07, 15/08, 26/09, 10/10, 14/11 Presencial/online Locais: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, Chapecó
Aba 1
ESCRITOS E SEMINÁRIOS DE LACAN
Mario Fleig Izabel Joana Dal Pont Alexandre Christoff Maria Cristina Hein Fogaça Marisa Gabbardo Martha Wankler Hoppe Matheus Minella Sgarioni Nair Macena de Oliveira Rudimar Mendes Sônia Maria Perozzo Noll
No Seminário 11, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, Lacan nos indica uma subversão que incide não tanto sobre o saber que não se sabe, mas sobre o sujeito, pois se trata de dar conta do abrupto do real na práxis analítica. Nas últimas lições, das quais nos ocuparemos na continuidade, ele aborda as consequências clínicas do lugar do objeto a no contexto do manejo da transferência, da função do desejo do analista (“obter a diferença absoluta”) e do fim do tratamento. Ora, a subversão que incide sobre o sujeito é justamente o tema do Seminário 12, Problemas cruciais para a psicanálise: as posições subjetivas do ser na articulação de sujeito, sexo e saber. Como se articulam? Para ele, responder a isso requer escolhas relativas, por exemplo, à função da numeração (Frege e a função do zero) como modo de situar logicamente a falta (privação, castração e frustração) em sua relação com a função do nome próprio como lugar de sua sutura por meio da identificação simbólica; ou escolhas relativas ao estatuto do significante em confronto com lógicos relevantes. Assim, ele nos propõe uma nova articulação de demanda, transferência e interpretação, bem como retoma a relação entre identificação e fim de análise no trabalho clínico, sempre apoiado nos textos freudianos. Para tal, mais uma vez recorre às considerações topológicas, especialmente a Garrafa de Klein, que permitem dar conta da incidência no sujeito dos reviramentos ao suplantar a perspectiva geometral do tempo e do espaço e figurar o que acontece ao sujeito no decurso da análise. Exemplo desse reviramento aparece no quadro de Eduard Munch, O grito: “O grito faz o abismo onde o silêncio se aloja”.
Mario Fleig
Frequência mensal: primeira quarta-feira Horário: 20h Datas: 01/03, 05/04, 03/05, 14/06, 05/07, 02/08, 13/09, 04/10, 08/11 Presencial/on-line Locais: Sede EEP Caxias do Sul, Porto Alegre, Chapecó
Aba 1
A CLÍNICA PSICANALÍTICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Ariela Siqueira Dal Piaz Denise Nunes Mousquer Elenice Cazanatto Margareth Kuhn Martta Nara Lúcia Girotto
A clínica psicanalítica com o adolescente
Bergès trata a adolescência a partir da diferença e não sobre o traço comum que poderia caracterizar uma fase do desenvolvimento. Aborda a questão do adolescente como sendo um infans, apresentando-o de duas maneiras: a primeira se relaciona com o que se passa com a fala e com a linguagem, com as inscrições primordiais; a segunda, com o momento de descoberta da sua imagem no espelho. Ao adolescente-infans coloca a possibilidade de leitura do reencontro das inscrições provenientes da fala, dita e esquecida, do Outro materno. A mesma boca do alimento e da palavra, da pulsão oral e da pulsão invocante. Como podemos escutar o que se passa na boca do falar e do comer a partir de um infantil da oralidade do adolescente? É também pela boca que o adolescente vai formular a sua demanda, ou melhor, sua não demanda, dizendo alguma coisa da sua teoria sexual infantil, expressando com ânsia/náusea a presentificação do sexual. O adolescente, ao constatar “eu estou um outro”, revive um luto concernente à imagem, semelhante àquele vivido pelo bebê no estádio do espelho, dizendo de uma perda e de um abandono. Como isso fala das perdas na linhagem e na linguagem? A morte como significante-mestre faz o seu rastro certeiro: uma morte traz todas as outras, fazendo aparecer as pulsões destrutivas, o desejo de morte do pai. Em torno do funcionamento paterno (pai da realidade) e o da função Nome-do-pai (pai lógico), os adolescentes encenam a falta de legitimidade da autoridade dos adultos e os sofrimentos consequentes. Neste ano, seguiremos nossos estudos a partir das proposições de Jean Bergès, sobre o adolescente, circulando também por outros que tratam dessa clínica: Charles Melman, Jean Jacques Rassial, Jean-Marie Forget, Jean-Pierre Lebrun e Martine Lerude.
Frequência: quarta quinta-feira de cada mês Horário: 20h às 21h30min Datas: 23/03, 27/04, 25/05, 22/06, 24/08, 28/09, 26/10, 23/11 Presencial/on-line Locais: Sede EEP Caxias do Sul, Porto Alegre, Chapecó
Aba 1
PRÁXIS PSICANALÍTICA
A formação do psicanalista se dá a partir da própria análise, da análise de controle da prática, do estudo rigoroso dos conceitos e da psicopatologia psicanalítica, sendo que a posição de psicanalista advém do se autorizar por si e por seus pares, entre estes, na instituição psicanalítica. Partindo destes preceitos oriundos dos primórdios da formação de psicanalistas por Freud, construímos, no seio de nossa instituição, o espaço do Serviço de Atendimento Clínico, dedicado à prática e à experiência no âmbito de consultório e de clínica em instituição, experiência esta partilhada com a equipe nas discussões, supervisões e construções de formulações. De acordo com o espírito no qual concebemos o Serviço, a partilha não se dá apenas da parte daquele que traz um caso a ser examinado, mas também se dá da parte do que supervisiona e que, ali, diante dos pares (a equipe), dá testemunho de sua própria formação, e também daquele que apresenta um paciente, pois ali o que mais se desvela é o psicanalista em seu modo de operar e diante da seleta audiência. Tais são os pressupostos que sustentam o Serviço de Atendimento Psicanalítico que se encontra ao alcance dos membros e proponentes que almejem agregar à sua formação a viva experiência do trabalho em equipe pautado pela operação psicanalítica, sendo que cada modalidade de trabalho propõe critérios específicos para ingresso em sua prática.
Conceição de Fátima Beltrão Fleig
Aba 1
O Serviço se organiza por meio dos seguintes projetos:
A clínica com bebês e crianças pequenas
Coordenação: Margareth Kuhn Martta
-Atendimento institucional clínico com bebês e primeira infância: zero a cinco anos. -Atendimento institucional: pesquisa e intervenção nas escolas municipais de educação infantil de zero a três anos, em Porto Alegre e Caxias do Sul.
Reuniões de equipe e discussão de casos Frequência: quinzenal, segundas-feiras Horário: 20h às 21h30min Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Letra
Coordenação: Conceição de Fátima Beltrão Fleig Maria Nestrovsky Folberg Mônica Parreiras Renato Leite Gonçalves
- Tratamento de crianças a partir dos 6 anos e adolescentes em consultório. - Atendimento clínico de crianças e adolescentes no ambiente escolar de ensino fundamental e médio da rede pública, individualmente ou em grupo. - Atendimento aos professores de forma individual ou em grupos no ambiente escolar da rede pública.
Reuniões de equipe e discussão de casos Frequência: mensal Horário: 9h às12h Datas: 23/03, 20/04, 18/05, 22/06, 20/07, 17/08, 21/09, 19/10, 23/11, 14/12 Local: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Tratamento psicanalítico
Coordenação: Conceição de Fátima Beltrão Fleig Maria Nestrovsky Folberg Beatriz Dias Malo Ricardo Casanova
- Acolhimento em tratamento psicanalítico a partir dos 17 anos.
Reuniões de equipe e discussão de casos Frequência: mensal, quintas-feiras Horário: 9h30 às 11h Datas: 01/06, 06/07, 03/08, 14/09, 05/10, 09/11, 07/12. Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
-Tratamento psicanalítico de pacientes psicóticos ou em estado limite em consultório e instituições.
Reuniões de equipe e discussão de casos Frequência: mensal, quintas-feiras Horário: 9h30 às 11h Datas: 27/04, 25/05, 29/06, 27/07, 31/08, 28/09, 26/10, 30/11, 21/12. Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Critérios para admissão e participação na equipe 1. Estar em processo de análise pessoal. 2. Engajar-se em supervisão: individual ou de grupo (no máximo de quatro participantes) com um dos coordenadores de projeto do Serviço. 3. Escolha de um ou mais projetos para trabalho clínico. 4. Participação continuada nas reuniões de equipe do(s) projeto(s) escolhido(s). 5. Participação continuada nos demais Campos Temáticos da Escola de Estudos Psicanalíticos. 6. Mínimo de 4 semestres atendendo em instituição pública credenciada pelo Serviço. 7. O recebimento de pacientes encaminhados pelo Serviço implica ter pelo menos 4 semestres de clínica em instituição credenciada.