A formação do psicanalista, como Freud a instituiu, inicia pela análise pessoal e entrada no campo teórico, segue pelo ingresso na prática e a correspondente supervisão e análise de controle. Os Campos Temáticos relativos às bases que Freud e Lacan nos legaram apresentam modos de tecituras que incidem na Clínica Psicanalítica com crianças e adolescentes. São três pilares de sustentação da Práxis Psicanalítica que é oferecida no Serviço de Atendimento Clínico. Assim, os quatros Campos Temáticos, suporte da formação continuada do psicanalista, estão ancorados na reconhecida produção de psicanalistas da instituição e ocorrerão sob o formato de assembleias, destinadas exclusivamente a seus membros e proponentes.
M.F.
Aba 1
FREUD, A CLÍNICA PSICANALÍTICA E SEUS FUNDAMENTOS
Alfredo Santiago Culleton Conceição de Fátima Beltrão Fleig Lia Cunha Poletto Nacitamara Fiorentini Návia Terezinha Pattussi Vânia Aparecida Pattussi
Um dos temas que se sobressai desde os primórdios da psicanálise é a concepção de trauma, como algo fundante das patologias psíquicas, decorrente de vivência(s) que, por não terem sido integradas ao aparelho psíquico por meio de representações ou outros meios, provocaram um aumento excessivo do nível de excitação sem que fosse possível dar vazão a isso. O mesmo podemos dizer da Pulsão de morte, o irrepresentado. Ambos os conceitos têm uma relação direta com a técnica psicanalítica inicial que visa à ab-reação, como uma forma de reduzir o nível de tensão e elaborar as experiências traumáticas passadas. Para o ano de 2024, o propósito é de aprofundar o estudo das conexões que este tema do Trauma faz com o conceito de Pulsão de morte, não só desde o ponto de vista especulativo, mas também histórico. Os diferentes modelos a partir dos quais o conceito de trauma pode ser pensado servirão de fio condutor para analisar os efeitos e os destinos psíquicos do irrepresentado, bem como para articular essas ideias com os conceitos de repetição e pulsão de morte. Em que consiste esses fenômenos, e a incidência deles na contemporaneidade, uma vez que aparece de formas diferentes em vários momentos da obra de Freud, nas correspondências com seus interlocutores e nas demandas que a clínica contemporânea nos chama a refletir, serão os fios condutores da pesquisa desse Campo temático. O título deste Campo temático remete à história da psicanálise, mas não o propomos no sentido de historicidade ou de cronologia; antes, pretende a retomada e a renovação de nossa leitura do texto freudiano à luz da nossa clínica e conjuntura política e cultural do mundo que nos toca viver.
A.S.C.
Frequência: quinzenal, terças-feiras Horário: 20h às 21h30min Datas: 13/08, 27/08, 10/09, 24/09, 15/10, 29/10, 12/11, 26/11 Modalidade: presencial/on-line Locais: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, Chapecó
Aba 1
ESCRITOS E SEMINÁRIOS DE LACAN
Mario Fleig Izabel Joana Dal Pont Alexandre Christoff Marisa Gabbardo Martha Wankler Hoppe Matheus Minella Sgarioni Nair Macena de Oliveira Rudimar Mendes Sônia Maria Perozzo Noll
Na sequência do Seminário 12, Problemas cruciais para a psicanálise, Lacan persiste em seu propósito de elaborar uma lógica que possa dar conta da experiência psicanalítica. Para tanto, são necessárias escolhas, pois a psicanálise depende da formação de analistas, que não estão livres de diversas formas de resistência. Uma delas, visada de modo pertinente nesse Seminário, é a psicologização da psicanálise, com seus ideais normativos e falsas evidências. A subversão topológica requerida estabelece os fundamentos da análise e incide nas posições subjetivas do ser na articulação de sujeito, sexo e saber, ou seja, implica o impossível saber sobre o sexo. Essa subversão é ancorada em escolhas. Por exemplo, no tocante à função da numeração (Frege e a função do zero), como situar logicamente a falta (privação, castração e frustração) em sua relação com a função do nome próprio como lugar de sua sutura por meio da identificação simbólica. Assim, ele nos propõe uma nova articulação de demanda, transferência e interpretação, bem como retoma a relação entre identificação e fim de análise no trabalho clínico, sempre apoiado nos textos freudianos. A Garrafa de Klein é o modelo topológico mais apropriado para estabelecer uma teoria correta da identificação em contraposição à postulação do idêntico, assim como ele encontra na concepção fregeana dos números naturais o apoio para bem fundamentar sua teoria do significante e postular a anterioridade do simbólico em relação à experiência. O sujeito, então, se acha situado na pulsação figurada pela oscilação entre zero e um, cuja repetição constitui a operação em que se engendra a falta, ou seja, o sujeito evanescente. Nessa pulsação, comparece o objeto a, tanto como suporte ao desvanecer-se o $ na repetição de um, um, um ..., quanto como resíduo que subsiste para além da transferência. Questão crucial do desejo do analista, na interpretação analítica. Como cada analista está implicado? De que lugar ele ouve? O lugar do analista, se é uma presença que faz ato, na medida em que suporta ocupar o lugar do SsS, se a realidade do inconsciente é mais do que a presença do passado, seria então uma passagem em ato, uma reprodução que contém algo de criador? No que consiste o ofício de psicanalista?
M.F.
Frequência: mensal, primeiras quartas-feiras Horário: 20h às 21h30min Datas: 06/03, 03/04, 08/05, 05/06, 03/07, 07/08, 04/09, 02/10, 06/11 Modalidade: presencial/on-line Locais: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, Chapecó
Aba 1
A CLÍNICA PSICANALÍTICA COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Bergès trata a adolescência a partir da diferença, e não sobre o traço comum que poderia caracterizar uma fase do desenvolvimento. Aborda a questão do adolescente como sendo um infans, apresentando-o de duas maneiras: a primeira se relaciona com o que se passa com a fala e com a linguagem, com as inscrições primordiais; a segunda, com o momento de descoberta da sua imagem no espelho. Ao adolescente-infans coloca a possibilidade de leitura do reencontro das inscrições provenientes da fala, dita e esquecida, do Outro materno. A mesma boca do alimento e da palavra, da pulsão oral e da pulsão invocante. Como podemos escutar o que se passa na boca do falar e do comer a partir de um infantil da oralidade do adolescente? É também pela boca que o adolescente vai formular a sua demanda, ou melhor, sua não demanda, dizendo alguma coisa da sua teoria sexual infantil, expressando com ânsia/náusea a presentificação do sexual. O adolescente, ao constatar “eu estou um outro”, revive um luto concernente à imagem, semelhante àquele vivido pelo bebê no estádio do espelho, dizendo de uma perda e de um abandono. Como isso fala das perdas na linhagem e na linguagem? A morte como significante-mestre faz o seu rastro certeiro: uma morte traz todas as outras, fazendo aparecer as pulsões destrutivas, o desejo de morte do pai. Em torno do funcionamento paterno (pai da realidade) e o da função ‘Nome-do-pai’ (pai lógico), os adolescentes encenam a falta de legitimidade da autoridade dos adultos e os sofrimentos consequentes. No ano de 2024, seguiremos nossos estudos a partir das proposições de Jean Bergès, Charles Melman, Jean Jacques Rassial, Jean-Marie Forget, Jean-Pierre Lebrun e Martine Lerude.
Frequência: mensal, quarta e quinta-feira Horário: 20h às 21h30min Datas: 28/03, 25/04, 23/05, 27/06, 22/08, 26/09, 24/10, 28/11 Modalidade: presencial/on-line Locais: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, Chapecó
Aba 1
PRÁXIS PSICANALÍTICA
A formação do psicanalista se dá a partir da própria análise, da análise de controle da prática, do estudo rigoroso dos conceitos e da psicopatologia psicanalítica, sendo que a posição de psicanalista advém do se autorizar por si e por seus pares, entre estes, na instituição psicanalítica. Partindo destes preceitos, oriundos dos primórdios da formação de psicanalistas por Freud, construímos, no seio de nossa instituição, o espaço do Serviço de Atendimento Clínico, dedicado à prática e à experiência no âmbito de consultório e de clínica em instituição, experiência esta partilhada com a equipe nas discussões, supervisões e construções de formulações. De acordo com o espírito no qual concebemos o Serviço, a partilha não se dá apenas da parte daquele que traz um caso a ser examinado, mas também se dá da parte do que supervisiona e que, ali, diante dos pares (a equipe), dá testemunho de sua própria formação, e também daquele que apresenta um paciente, pois ali o que mais se desvela é o psicanalista em seu modo de operar e diante da seleta audiência. Tais são os pressupostos que sustentam o Serviço de Atendimento Psicanalítico que se encontra ao alcance dos membros e proponentes que almejem agregar à sua formação a viva experiência do trabalho em equipe pautado pela operação psicanalítica, sendo que cada modalidade de trabalho propõe critérios específicos para ingresso em sua prática.
Conceição de Fátima Beltrão Fleig
Critérios para admissão e participação na equipe: - Estar em processo de análise pessoal. - Engajar-se em supervisão: individual ou de grupo (no máximo de quatro participantes) com um dos fundadores do Serviço. - Escolha de uma ou mais especialidades para trabalho clínico. - Participação continuada nas reuniões de equipe da(s) especialidade(s) escolhida(s). - Participação continuada nos demais Campos Temáticos da Escola de Estudos Psicanalíticos. - Mínimo de 4 semestres atendendo em instituição pública credenciada pelo Serviço. - Recebimento de pacientes encaminhados pelo Serviço implica ter pelo menos 4 semestres de clínica em instituição credenciada.
Aba 1
O Serviço se organiza por meio das seguintes especialidades:
A clínica com bebês e crianças pequenas
Coordenação: Margareth Kuhn Martta Ariela Siqueira Dal Piaz Elenice Cazanatto
- Atendimento clínico com bebês e primeira infância: zero a cinco anos e onze meses. - Atendimento institucional: pesquisa e intervenção nas escolas municipais de educação infantil, com bebês de zero a três anos, em Porto Alegre e Caxias do Sul.
Reuniões de equipe e discussão de casos Frequência: quinzenal, primeira e terceira segundas-feiras do mês Grupo de estudos Frequência mensal: quarta segunda-feira do mês Horário: 20h às 21h30min Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Letra
Coordenação: Conceição de Fátima Beltrão Fleig Maria Nestrovsky Folberg Mônica Parreiras Renato Leite Gonçalves
- Atendimento clínico de crianças e adolescentes no ambiente escolar de ensino fundamental e médio da rede pública, individualmente ou em grupo. Igualmente, o acolhimento de questões de professores.
Reuniões de equipe Frequência: mensal, terceira quinta-feira Horário: 9h30min às 11h15min Local: Sede EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Tratamento psicanalítico em consultório nas sedes da EEP
Coordenação: Conceição de Fátima Beltrão Fleig Maria Nestrovsky Folberg Beatriz Dias Malo Ricardo Casanova
- Recebe crianças a partir de 6 anos, adolescentes, adultos
Reuniões de equipe Frequência: mensal, primeira quinta-feira Horário: 9h30min às 11h15min Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
- Tratamento psicanalítico de pacientes psicóticos ou em estado limite em consultório na EEP e instituições
Reuniões de equipe Frequência: mensal, quarta quinta-feira Horário: 9h30min às 11h15min Local: Sedes EEP Porto Alegre, Caxias do Sul, e outras cidades com conexão on-line
Clínica com vítimas de violência
Coordenação: Conceição de Fátima Beltrão Fleig Návia Terezinha Pattussi Lia Cunha Polletto
- Tratamento psicanalítico de vítimas de violência encaminhadas pelos Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) da Prefeitura de Chapecó e Promotoria de Segurança Pública.
Reuniões de equipe Frequência: mensal, segunda quinta-feira Horário: 9h30min às 11h15min Local: Sedes EEP Porto Alegre, Chapecó, Caxias do Sul e outras cidades com conexão on-line