Se podemos convir que a instituição deve sempre estar em posição de terceiro, acima de seus membros, é preciso admitir que esse terceiro, nos dias de hoje, com frequência não está mais "garantido" pela tradição. Se ele sempre esteve presente, ele doravante precisa ser inventado, ou pelo menos ser elaborado ou construído sem cessar.
Mas então se recoloca a questão da legitimidade dessa construção: como fazer uma instituição, não mais a partir de um estabelecimento um lugar onde nada pode se mexer e onde as trocas são fixadas pelo que é prescrito, mas a partir de um grupo, de um coletivo? Que caminho abrir que não seja puro e simples restabelecimento da autoridade de ontem, mas que, em contrapartida, reconheça a diferença dos lugares e não recuse o impossível ao qual ela nos obriga a nos confrontar?
O autor då testemunho de seu percurso na vida dos grupos, da clínica que ele encontrou e da maneira como ele se apoia no trabalho da análise para fazer face ao concreto das situações. Com o apoio de Freud e de Lacan, faz dessas questões a aposta deste livro, e sem dúvida leva a pensar como reinventar a vida coletiva.