News › No dia 19 de junho aconteceu a I Jornada de Cartéis da EEP

Jacques Lacan, na ata de fundação da Escola Freudiana de Paris, em 1964, instituiu o Cartel como um dispositivo fundamental na formação e transmissão da Psicanálise. Considerava uma forma de se prevenir os efeitos imaginários de grupo, já que a transferência de trabalho é a propulsora dessa modalidade. Partindo do interesse em um tema comum, o andamento acontece de maneira que cada um, com base em sua análise, análise de controle, prática, estudo e trocas entre os componentes, constrói uma questão particular, convocado por suas próprias formações do inconsciente. Seu término, por sua vez, culmina com a apresentação – um por um – desse produto que testemunha o tempo de trabalho.
Nesta oportunidade, contaremos com a apresentação dos trabalhos de três Cartéis: A transferência, Os Nomes do Pai e Faces do feminino na Psicanálise.

Freud constata, no início de sua clínica, que a transferência é a atualização das fantasias infantis direcionadas ao analista. A partir da composição em O banquete, de Platão, Lacan propõe que se ama aquele a quem se supõe um saber, logo, a natureza da transferência aponta para o amor ao suposto saber. No ponto de diálogo entre Sócrates e Alcebíades, tal é o retrato-capa do Seminário 8, encontra-se a leitura lacaniana do cuidado que a transferência exige, pois se trata da travessia particular do amor de transferência. O Cartel partiu de tais considerações para se interrogar acerca da transferência na clínica com crianças. Ao longo dos dois anos, uma nova questão se fez: como se dá a sustentação da transferência em novos tempos?
Para abordar a questão do Nome do Pai, partimos do estudo que Lacan realiza em seu seminário A transferência, no qual ele recorre à Trilogia de Claudel para pensar a conflitiva edípica e o lugar do pai. No decorrer dos seminários seguintes, Lacan amplia a construção do conceito do Nome do Pai para pensar “Os Nomes do Pai”, desencadeando, mais no final de sua obra, na elaboração do “Nomear para”.
A partir desses estudos, inumeráveis questões surgiram, dentre elas, o que muda no Complexo de Édipo desde o mito de Sófocles? Em Hamlet? Como entendemos o lugar do pai hoje? O que é a “forclusão do Nome do Pai”? Estas questões foram abordadas à luz de nosso tempo, para pensar a clínica psicanalítica na contemporaneidade.

A partir das leituras de Freud, Lacan e seus intérpretes, o Cartel Faces do feminino na Psicanálise debruçou-se sobre as seguintes questões: Qual o lugar do feminino na história da Psicanálise? A Psicanálise teria algo a ver com as conquistas sociais e de direitos das mulheres, ocorridas principalmente no último século? Quais os desdobramentos possíveis para os casos de violência doméstica? O feminismo é feminino? O que dizer sobre o feminino e a maternidade? O lugar do psicanalista seria uma posição feminina?
Abre-se, assim, uma discussão sem pretensões de conclusões, como não poderia deixar de ser, convocando para novos desdobramentos das questões propostas.

Comissão organizadora:

Adriana Rossetto Dallanora
Alderi Fátima Tomazini
Elenice Cazanatto
Matheus Minella Sgarioni
Nair Macena de Oliveira
Sônia Maria Perozzo Noll


Programa

08h30 - Abertura - Nair Macena de Oliveira, presidente da EEP

A Transferência
Coordenação: Adriana Rossetto Dallanora

08h40 - Eros, filosofia e Psicanálise: notas sobre O Banquete de Platão - Jefferson Pereira de Almeida (Licenciado em Filosofia, mestre e doutorando em Educação)

09h - A escuta da outra cena: a letra do inconsciente se presentifica -
Ana Paula Rabello Soares (Psicóloga)

09h15 - Letras jogadas ao vento: as entrelinhas de um caso clínico na experiência remota - Mikaela Basso

09h30 - A transferência pensada a partir do Grupo de Sala de Espera Mãe-Bebê na saúde pública: o que se espera? - Salue Josielen Farinon

09h45 - Debatedora - Denise Nunes Mousquer

10h05 - Margareth Kuhn Martta (+1)

10h20 - Discussão

10h50 - Intervalo

Os Nomes do Pai
Coordenação: Alderi Fátima Tomazini

11h - Da Trilogia de Claudel aos Nomes do Pai, com as questões atuais referidas por Lebrun em As cores do incesto - Sônia Maria Perozzo Noll

11h15 - Do Nome do Pai ao Nomear para: considerações - Izabel Dal Pont, Giselle Dalsochio Montemezzo e Viviane Carla Dall’Agnol

12h - Discussão

12h30 - Intervalo para almoço

Faces do feminino na Psicanálise
Coordenação: Matheus Minella Sgarioni

14h - Eu não sou feminista - Ana Maria Gallina Bonone (Psicóloga)

14h15 - A história e a histeria: porta de entrada da clínica psicanalítica - Macuri Peteffi

14h30 - O feminino e a maternidade - Ariela Siqueira Dal Piaz

14h45 - Faces do feminino na violência doméstica - Elenice Cazanatto

15h - Faces do feminino na Psicanálise: desejo do analista - Marjane Fernandes de Aguiar Biasin

15h15 - Mario Fleig (+1)

15h45 - Discussão

16h15 - Encerramento - Sônia Maria Perozzo Noll, vice-presidente da EEP

Informações e inscrições:
Whatsapp: (51) 99221 -2557
eepsicanaliticos@gmail.com
Público: R$ 80,00

Aplicativo: Plataforma Zoom. ID será enviado na véspera.

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