Psicose, autismo e falha cognitiva na criança

Resenha do livro:
Novas formas clínicas no início do terceiro milênio

Autor: Gabriel Balbo e Jean Bergès
CMC Editora, ISBN: 85-88640-07-4, 208 p., 2003


Esta obra se apresenta como a seqüência da elaboração do conceito e da clínica do transitivismo a que Gabriel Balbo e Jean Bergès deram início em Jogo de posições da mãe e da criança (Porto Alegre, CMC Editora, 2002). A partir do instante em que se trata de crianças autistas ou psicóticas, os autores colocam em evidência a importância teórica e clínica da contribuição decisiva de Lacan: o grande Outro.

Balbo e Bergès sustentam que não se pode mais falar de psicose, de autismo ou de falha cognitiva na criança como entidades autônomas que suporiam uma etiologia linear ou uma causalidade plurifatorial. Ao contrário, é necessário considerá-las como modalidades de respostas a fatores predeterminados que se organizam de forma complexa, sob o modo de uma topologia em constante transformação em torno desse ponto de arrimo e de referência que é o grande Outro para a criança, os pais, o analista e a instituição. Os autores mostram como se articulam as funções, as posições e as relações recíprocas do grande Outro com as formações do inconsciente descobertas por Freud e retomadas por Lacan.

Com crianças psicóticas e autistas, a ambição dos autores é oferecer os elementos próprios para estabelecer uma direção do tratamento que leve em conta não somente a problemática de sua estrutura, mas também o peso, as incidências, as articulações e os entraves cognitivos que precederam e seguiram seus problemas, e que foram durante muito tempo conotados pelo termo “debilidade”.

Sublinhando o que as transformações incessantes em jogo na clínica têm de dinâmico e de útil, os autores propõem uma elaboração teórica rigorosa que incita os analistas a tomarem a liberdade de proceder e de inventar.”